terça-feira, 25 de novembro de 2014

ॐ O que é o Sânscrito?

O Sânscrito é uma língua muito antiga que se desenvolveu na Índia, país localizado no Sul da Ásia, e que serviu como principal veículo de propagação do Hinduísmo. Suas origens apontam para uma língua hipotética mais antiga, que teria dado origem também ao Grego, ao Latim, ao Celta e a outras línguas antigas da Europa e do Oriente Próximo – e que foi, por essa razão, chamada de “Indo-Europeu”.

 
Desse tronco lingüístico indo-europeu, o Sânscrito é a língua que apresenta a estrutura mais completa, e possívelmente é a que preserva as formas mais antigas dessa família de linguagens – da qual fazem parte o Português, o Inglês, o Alemão, o Francês, o Espanhol, e tantas outras línguas que são utilizadas até hoje.
Tido como língua morta, no entanto é falado diariamente por alguns milhares de indianos, que aprenderam a se comunicar com facilidade por meio desse idioma. Hoje, muitas outras pessoas, estimuladas por alguns programas de estudo do Sânscrito como língua falada, estão começando a utilizá-lo também como uma ferramenta de comunicação que extrapola as fronteiras indianas. Praticantes de todo o mundo trocam emails ou mensagens instantâneas grafados em Sânscrito.

O Sânscrito se tornou conhecido do Ocidente principalmente a partir do final do Século XVIII, quando um grupo de intelectuais britânicos da Companhia das Índias iniciou um esforço de tradução de textos tradicionais da cultura sânscrita para línguas modernas da Europa. Obras de caráter mítológico, filosófico, ritualístico, devocional, poético, científico e dramatúrgico inflamaram a imaginação dos europeus, e acabaram por alimentar opiniões polêmicas sobre essa linguagem e o povo que a falara no passado. Eles foram imaginados como uma “raça superior” de pele branca, que teria invadido e conquistado a Índia quinze séculos antes da Era Comum. Designados “arianos”, esses supostos falantes de Sânscrito eram o argumento com o qual as nações européias queriam legitimar sua ocupação colonialista do território indiano – apresentando-se como uma “raça superior” que como os arianos do passado traria muitos benefícios para a população nativa.

Posteriormente, à medida que mais e mais indivíduos estudavam a literatura sânscrita, essa teoria perdeu sua sustentação, pois havia sido construida sobre falhas de tradução (algumas das quais intencionalmente construídas), que hoje estão sendo gradualmente corrigidas.

Características da língua
O Sânscrito é uma língua articulada, com a gramática muito semelhante à das línguas européias. Suas entidades léxicas fundamentais são os verbos, os nomes e as palavras que não flexionam. Os verbos flexionam (conjugam) em diversas formas que indicam tempo, modo, pessoa e número. O Sânscrito apresenta o número variando em “singular”, “dual” e “plural”. O dual é uma forma utilizada para representar aquilo que se apresenta aos pares (olhos, mãos, pés, orelhas, etc.). Os verbos também são a raiz a partir da qual os nomes (substantivos, adjetivos) são derivados.

Os nomes flexionam em gênero, número, grau e função. Além dos substantivos e adjetivos, abrangem também os pronomes. Os gêneros são de caráter gramatical, e agrupam as palavras em três categorias: masculinas, neutras e femininas. Conceitos e nomes de ação costumam ser neutros, e as demais palavras que designam objetos que não têm sexo, se distribuem pelos gêneros em grandes grupos – por exemplo, todas as árvores são masculinas, e também as montanhas, mas todos os rios são femininos.

A flexão dos nomes em função recebe o nome técnico de “declinação”, e suas formas determinam qual é a função sintática daquela determinada palavra no conjunto da frase. Um total de oito formas distintas podem ser assumidas por uma mesma palavra para indicar funções diferentes que ela esteja ocupando na frase.

As palavras que não flexionam, chamadas “indeclináveis” são advérbios, preposições e os conectivos.

A escrita
A língua sânscrita é grafada numa escrita silábica, de representação estritamente fonética, chamada Devanagari. Essa escrita foi desenvolvida a partir do sexto século de nossa Era, popularizando-se apenas a partir do século X – o que a torna muito mais jovem do que o alfabeto latino que utilizamos para o Português.
Construído para acompanhar a fonética do Sânscrito, esse alfabeto de sílabas, tem quarenta e nove letras fundamentais, que se distribuem, quanto à pronúncia, em cinco pontos de articulação, desde a laringe até os lábios, variando também quanto à nasalização.


Prof° Carlos Eduardo G. Barbosa
Para saber mais sobre o Sânscrito, leia os artigos especializados, à medida que forem sendo publicados no Yogaforum. http://yogaforum.org/